Dando sequência a nossa série de posts sobre Star Wars e sua relação com os parques temáticos, relembro agora o início da relação entre George Lucas e os parques da Disney, extraído do livro The Keys to the Kingdom, de Kim Masters.
O ano era 1984 e a Disney tinha acabado de contratar um novo presidente para revitalizar a companhia, que não tinha um desenho/filme de sucesso há anos e estava com os parques sem novidades para atrair novos visitantes. O escolhido pra comandar a Disney foi Michael Eisner, executivo do ramo de TV e cinema.
Um mês após sentar-se na cadeira de presidente da Disney, Eisner convidou seu velho amigo George Lucas para conhecer a área de Imagineering (engenharia criativa) da empresa e o incentivou a desenvolver novas atrações para os parques. George imediatamente começou a trabalhar no simulador de voo Star Tours, baseado nos filmes Star Wars.
Ao mesmo tempo, Lucas começou a trabalhar como produtor-executivo de um filme 3D pra Disney que seria exibido no Epcot, chamado Captain EO e teria o pop star Michael Jackson no papel principal e Francis Ford Coppola na direção.
Programada para estrear em novembro de 1986, Star Tours estava com problemas graves. O orçamento de 30 milhões de dólares já tinha estourado e a atração causava muito enjoo nos usuários que a testaram, pois durava cerca de 20 minutos. A atração acabou abrindo só em janeiro de 1987 e ficou com 4 minutos de duração.
No caso de Captain EO, o filme orçado em 11 milhões de dólares, acabou custando 17 milhões. A estreia da atração pareceu uma cerimônia de Oscar: atores como Jack Nicholson, Jane Fonda, Whoopi Goldberg e Debra Winger compareceram. Curiosamente, a grande estrela do filme, Michael Jackson, não compareceu pois a Disney havia vetado sua marca registrada no filme: “sua segurada na virilha”. A Disney considerou o gesto impróprio para crianças, o que não agradou o astro pop.
Sem ter ideia do sucesso que a atração Star Tours seria pra Disney e ainda sem saber o que Star Wars e Indiana Jones significariam pra cultura pop pelas décadas vindouras, George Lucas assinou um contrato vitalício com a Disney aceitando receber míseros 1 milhão de dólares por ano pelos direitos sobre os personagens de ambas sagas.
A Disney viria a construir diferentes atrações do Indiana Jones em seus parques de Orlando, Anaheim e Paris e franquias do Star Tours em Anaheim, Tóquio e Paris além de Orlando, sem que George Lucas ganhasse um centavo adicional por isso.
Devido a este contrato, houve um grande ressentimento de George Lucas com seu “amigo” Michael Eisner e com a Disney Company. Mal sabia George Lucas que ele seria recompensado anos depois! Mas isso é assunto pra outro post…