Todos aqueles que visitam o Walt Disney World pela primeira vez, ou até mesmo os viajantes mais frequentes perguntam-se a respeito da operação por trás de toda a magia, dos muitos detalhes, às vezes imperceptíveis, que compõem o maior show do mundo todos os dias. Hoje contarei alguns segredos “por trás dos bastidores”, porém entendam que no momento que se está dentro do parque, não existe verdade mais absoluta que: “Sim, isso é Magia“.
Existe uma grande lenda sobre os famosos túneis do parque Magic Kingdom. Vamos começar corrigindo esta afirmação. Teoricamente, não existem túneis na Flórida e isso não é diferente para o parque. Devido a natureza do terreno pantanoso onde toda a área do Walt Disney World foi construído, os imagineers (equipe de “engenharia criativa” da Disney) antes de construir o parque Magic Kingdom, tiveram que encontrar formas de tirar a instabilidade e a água do terreno para que as construções não desabassem.
Para isso foram criados vários quilômetros de canais em volta da propriedade para drenagem da água. Além disso, uma grande área que, então tornou-se a “seven seas lagoon”(lagoa na entrada do parque), foi escavada e toda a areia retirada foi utilizada para fazer as fundações da construção. Sobre essa área, foi construído o primeiro andar do parque, chamado de “Utilidors” (uma mistura de utilidades com corredores), para sustentar a parte onde os visitantes iriam transitar. Ou seja, na verdade, ao entrar no Magic Kingdom, você está no “segundo andar” do parque.
No entanto, a construção dessa área de bastidores não foi feita ao acaso somente para ajudar na estabilidade do parque em si. Essa área vem de uma observação do próprio Walt Disney, quando este viu um funcionário vestido de cowboy atravessando a “Tomorrowland” (terra do futuro) para ir trabalhar na “Frontierland” (terra da fronteira) na Disneyland da Califórnia. “Como pode existir um cowboy em um lugar futurístico? O que as pessoas vão achar?”, indagou Disney entendendo que aquilo comprometeria a experiência de seus visitantes.
Com os “Utilidors“, os funcionários podem circular de uma área para outra sem fugir do tema e com mais rapidez.
Além de melhorar a circulação dos funcionários, todo o sistema de canos e tubulações passam dentro dos corredores, assim como o famoso sistema de lixo. Muitas pessoas perguntam se é verdade que ao jogar o lixo nas lixeiras do parque, ele é sugado, e por isso que as lixeiras são tão limpas. A resposta é Sim e Não. Obviamente não seria nada seguro ter um sistema de sucção a vácuo tão próximo de crianças (e adultos); as lixeiras são sempre limpas manualmente por uma grande equipe, porém, assim que o lixo é levado para os bastidores, ele é sim jogado em um equipamento chamado AVAC, onde o lixo é sugado e transportado por tubulações até o sistema de tratamento de lixo, longe dos parques.
E não para por aí: nos “Utilidors” também existem várias salas para estocagem de ítens alimentícios, bebidas, mercadorias para lojas, lavanderias para as roupas dos funcionários, salas de administração, escritórios, salas de ensaio, vestiários, estacionamento e até mesmo uma agência bancária. Existe também um grande refeitório onde todos que trabalham no parque, uma hora ou outra acabam indo comer alguma coisa, portanto não é incomum tomar café da manhã com a fada madrinha, almoçar com o Aladdin ou tomar um café da tarde com o Mickey e o Pato Donald, afinal até mesmo eles sentem fome.
Por fim, como qualquer empresa que guarda os segredos de sua operação, a Disney faz o mesmo, como “todo mágico que não revela seus truques”. Para os que têm muita curiosidade em saber desse mundo por trás das cortinas, existe uma opção de tour guiado onde uma pequena (bem pequena) parte dos “utilidors” é mostrada ao público.
Esse tour chama-se “keys to the kingdom” e deve ser agendado com bastante antecedência pois são grupos de no máximo 12 pessoas. Já para quem trabalha lá, e gosta da história da companhia e de seus fundadores (como eu), a parte mais legal dos “utilidors” é que existem milhares de prateleiras com itens antigos de atrações já fechadas, quadros com muitas histórias, displays com ítens que não se pode mais ver no parque ou que faziam parte de alguma atração e que foram substituídos, exposição de roupas antigas usadas nos shows, fotografias de cada estágio da construção do parque, entre muitas outras coisas, transformando-os em um verdadeiro museu de peças raras.